Os melhores de fevereiro

Um mês de leituras bastante variadas. Apesar disso, minhas duas leituras preferidas falam sobre mundos fantásticos paralelos ao real.

Magic for liars - Sarah Gailey

 Magic for Liars: A Novel | Amazon.com.br

A premissa da trama é uma investigação de assassinato dentro de uma escola de magia, por uma pessoa que não faz magia. Se fosse só isso já seria interessante. Mas é sobre relações familiares, e sobre como certas experiências nos definem. É um tantinho devastador, da sua própria maneira. O final é um tantinho amargo, mas esperançoso. Mesmo se você conseguir descobrir a resposta do mistério antes.

A cabeça da protagonista é um lugar divertido onde se estar. O livro brinca com estereótipos de várias espécies: escolas de magia, os filmes de high school americanos, o investigador particular. Nossa protagonista faz um constante comparar entre expectativas e a realidade do que está vivendo.

Quatro meses depois, não lembro o nome de nenhum personagem. Mas não tem problema. Minha preferida é a senhora que trabalha de secretária da escola só porque está entediada da sua aposentadoria de ser a melhor feiticeira curadora de todos os tempos.

O sistema de magia é ótimo, porque muito diferente do usual. Temos várias descrições de magias dramáticas e extremamente visuais.

Estrelinha extra para representatividade LGBT inesperada e um beijo em especial para o interesse amoroso bissexual da protagonista.

Piranesi - Susanna Clarke

Piranesi: 'spectacular' the Times | Amazon.com.br

Um daqueles livros que provam que não é quantidade de páginas que garante imersão. Acho que Piranesi tem o comprimento de uma novela, menos de 200 páginas. Ou seja, é perfeito para ser devorado. Terminei e senti vontade de recomeçar imediatamente. Não para voltar e entender as peças que estavam espalhadas desde o começo - o livro é curto o suficiente para você ainda se lembrar de todas as pistas -, só porque é tão bom.

Detalhe: até o protagonista falar com todas as letras "sou um homem e pareço ter uns 30 anos", eu tinha certeza de que estava lidando com uma menina adolescente, ou até pré-adolescente. Precoce, claro, como na maioria dos livros. Acho que a descrição do mundo das estátuas e saguões me fez pensar que em alguém que tinha nascido ali e era jovem o bastante para ainda estar explorando.

Gosto de como, ao final, o protagonista é uma terceira pessoa. Nem a de antes do livro, nem a que acompanhamos durante a história. Essa é a intenção da maioria dos livros (desenvolvimento de personagem), mas nesse caso é um pouco mais intenso.

Outro livro cujo apelo está, em grande parte, no efeito visual das descrições. O ambiente é muito vívido. Claro que essa é a ideia, ainda mais sendo baseado nas gravuras do Giovanni Battista Piranesi, como o título indica.

(nenhuma surpresa que esteja na lista final do Woman's Prize de 2021)


Dois livros para me lembrar que descrição é importante e que não posso continuar a ignorar cenários e aparência de personagens quando escrevo, por mais cômodo que seja.

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