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Mostrando postagens de agosto, 2018

um sonho de semana passada

O café fica dentro de um bairro, o que não é funcional de maneira alguma. Se eu fosse fazer um café, tentaria conseguir uma localização no centro, mesmo que fosse em uma das ruas laterais em um canto menos frenético. Pelo menos ia ter movimento, ia ter gente pra tropeçar por lá e pensar, ei, bem que eu podia parar e tomar um cafezinho. É assim que comércio funciona, eu acho. Você se coloca na frente das pessoas e faz de tudo para que elas olhem para você. Acho que a grande diferença desse lugar para os outros é exatamente essa. Ele não é para ser visto de forma leviana. Só quem sabe é o público especializado, quem já foi iniciado. Não é o tipo de lugar que se encontra por acaso, "descobri um restaurante ótimo outro dia". Tem que saber exatamente para onde está indo. Se não fosse para ser assim, não teria um glamour escondendo. O que é mais uma coisa que não entendo direito. Do que adianta toda a estrutura e toda a comida, toda a produção frenética de doces, parece que el

hoje sofri uma decepção

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Uma ideia é muito mais apaixonante do que uma pessoa. Tanto que é comum nos apaixonarmos antes pela ideia de uma pessoa do que pela pessoa em si.   Em Memórias póstumas de Brás Cubas , Brás diz logo no primeiro capítulo que não morreu de pneumonia, mas sim de uma ideia. Eu li esse livro pela primeira vez no ensino médio. Não consegui estabelecer identificação. Agora sei como uma ideia pode te absorver. Mas sabe, não tenho certeza de que é a ideia que te mata nem de que é a ideia que faz com que você se apaixone. Eu acho que o que faz você se apaixonar é a esperança, e o que te mata é a expectativa (e isso não funciona apenas para as ideias). Uma ideia é pior do que uma pessoa. A ideia quebra seu coração de forma desinteressada, seja de uma vez só ou aos poucos, enquanto você tenta se convencer de que consegue colar os pedaços necessários para aquilo funcionar. A ideia mal estruturada vai se despedaçando entre os seus dedos como um bolinho de areia - escorrendo para o chão, imp

Semana porco-espinho

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Disclaimer: porcos-espinhos são bonitinhos e herbívoros e quietos e não fazem mal a ninguém a não ser que sejam atacados. Esse post não pretende criticar ou fazer um discurso de ódio ou incentivar violência contra esses pequenos animais. Uma semana porco-espinho é afiada e difícil de manusear. Você entra nela esperando que fique tudo bem, pensando que ela é inofensiva, mas ela explode as suas expectativas no momento em que a coloca nas mãos. É como a lógica do cachorro ao ver um porco-espinho: é pequeno, é rápido, é interessante, tem um cheiro legal. A reação é querer pegar. As consequências são dolorosas. Na semana porco-espinho, nada acontece como o esperado. Você tinha planos e intenções e propósitos, todos jogados pelos ares no momento em que a semana desponta. Tudo precisa ser redesenhado, os compromissos perdidos e remarcados ou compensados na semana seguinte — uma semana que, espera-se, seja diferente dessa . Uma semana que não pareça tão determinada a te contrariar. A