Os melhores de janeiro

Multitasking: a stream do meu namorado está na outra aba, Sour da Olivia Rodrigo está tocando no meu celular e estou escrevendo esse post enquanto penso sobre como vou anotar no meu caderno de ideias a respeito do gato (?) que vi ontem à noite em um terreno baldio. Ainda não estou convencida de que não era um duende ou algo similarmente fantástico.

De todo modo. 

Eu li 54 livros esse ano. Dezessete em janeiro, quinze em fevereiro, porque consegui a assinatura de uma biblioteca virtual e fiquei entusiasmada. São muitos livros. Ao invés de falar sobre todos, quero comentar sobre meus preferidos/os melhores.

Janeiro foi o mês de We keep the dead close, de Becky Cooper. Eu não costumo assistir ou ler coisas sobre crimes reais, porque sou impressionável e empática, e ler sobre crime me faz mal. Ao pegar o livro, na verdade, pensei que fosse ser algo nas linhas de um ensaio-estudo sobre machismo e feminismo em Harvard. Em alguns momentos chega perto, mas com certeza não é o foco. O livro é sobre Jane Britton, uma estudante de pós em Arqueologia que foi assassinada no seu apartamento, quase dentro do campus, em 1969. Ela era de uma família importante dentro da comunidade local e um dos suspeitos era seu orientador, que continuou trabalhando em Harvard pelos quarenta anos seguintes.

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Esse livro me destruiu emocionalmente. Fiquei muito imersa e muito engajada e quando teve a grande revelação (a solução do caso), entrei em crise sobre como a vida é incontrolável. Levei algo como uma semana para processar. A autora conseguiu registrar toda a intensidade da sua jornada e mostrar como foi ficando cada vez mais imersa nesse caso de cinquenta anos, e me carregou junto. Sem dúvida alguma, foi uma das melhores coisas que li esse ano.

Também foi o mês de The book of longings, da Sue Monk Kidd. É a autora de A vida secreta das abelhas (que não li, mas deve ser bom também, se o filme servir de base). A premissa de The book of longings é polêmica: o livro é narrado pela esposa de Jesus, Ana, de quem, é claro, não há registro. Eu classificaria como história especulativa; o livro não tem elementos que poderiam ser classificados como "fantásticos" (os milagres) e trabalha com a premissa de que, mesmo que o Jesus histórico tivesse sido casado, sua esposa poderia ter sido facilmente apagada dos registros pelos que passaram a história para frente.

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Eu não sou católica ou cristã, então li sem expectativas e também sabendo pouquíssimo do que ia acontecer - desconsiderando a crucificação, claro. Apesar disso, o livro me emocionou muito. Tanto pela protagonista, que tem palavras dentro de si e uma pulsão de criação em um momento em que mulheres não eram ensinadas a ler e escrever, muito menos incentivadas a pensar, quanto pela trajetória dela com Jesus, representado de forma totalmente humana. Terminei a leitura aos soluços.

A diferença entre os dois selecionados de janeiro é que consigo ver The book of longings tornando-se uma de minhas leituras anuais. Já We keep the dead close é brutal demais. Reler no futuro próximo está fora de questão.

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