trapaça
Inktober é um desafio mundial criado em 2009 que
acontece anualmente no mês de Outubro. É, essencialmente, um projeto para que
artistas coloquem à prova sua criatividade, produzam regularmente e libertem-se
da necessidade de perfeição que assombra a tantos.
Terceira, os textos vão estar editados. Porque eu posso e quero e gosto (e porque não vou conseguir resistir enquanto estiver digitando cada um).
As regras são simples: baseado em uma
lista de prompts (algo como propostas), o artista deve fazer um desenho a
caneta em todos os dias de Outubro e postar o desenho finalizado com a hashtag
inktober.
Em alguns aspectos, parece ok. E nos
primeiros três dias, é bastante ok - especialmente porque a maior parte das
pessoas faz a sua lista ou encontra listas para seguir antes do início do mês,
então é comum que já tenham planejado com antecedência. As dificuldades
crescem, porém: o tempo fica apertado, o cansaço aumenta, as ideias escasseiam,
o resultado não sai como você esperava. Finalizar um desenho por dia torna-se
um verdadeiro desafio. Muitas pessoas desistem.
Mas eu não sou uma artista que desenha.
O NaNoWriMo (National Novel Writing Month) é um
desafio de escrita criado em São Francisco em 1999 que se espalhou por todo o
mundo. De longe, é muito mais simples do que o Inktober - não propõe temas
diários, mas sim estabelece um objetivo a ser completado até a meia noite do
dia 30 de Novembro. Acontece que escrever 50,000 palavras,
aproximadamente 175 páginas, em um único mês, não é nada ordinário. É uma
verdadeira maratona, que promete um rascunho muito bruto de romance que mais
tarde pode ser editado de modo a se tornar um verdadeiro livro. É enlouquecedor
para muitos. E se você não acredita quão a sério isso é levado, recomendo ler esse
artigo da Wikihow.
Um dia ainda vou participar e ser uma
das vencedoras do NaNoWriMo. Mas eu sei que não vai ser esse ano, que estou
sendo assombrada pelo bloqueio da escrita. O bloqueio é causado pelo sentimento
de que nada do que você escrever vai ser bom. O NaNoWriMo, por trabalhar com
quantidade em detrimento de qualidade, vai de encontro a isso.
Assim, eu decidi participar do
Inktober, usando os prompts para fazer pequenos contos ao invés de desenhos.
Como um exercício de escrita diário para me ensinar que não tem problema não
saber direito o que estou fazendo e que nem toda ideia precisa ser boa.
Não consegui produzir tudo no dia exato
- costumava acumular até cinco dias atrasados por vez - mas consegui finalizar
em 31 de Outubro. Foi um ótimo sentimento. Nem todos os textos ficaram bons,
mas muitos ficaram, e eu melhorei no quesito de “só ir” (com o qual tenho
dificuldade em todos os aspectos da minha vida).
Só o que eu não fiz, que em teoria
contraria o propósito, é postar diariamente. Ou em qualquer dia. Não que isso
tenha me incomodado. Eu me apropriei das partes do Inktober que me
interessavam, e não vejo nenhum problema nisso. E o criador também não:
No site oficial eles dizem que é para você fazer
qualquer que seja a sua forma de criar arte e/ou o que deseje praticar mais.
E inclusive citam a apropriação feita por escritores!
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Mas também estou fazendo um movimento
consciente para deixar esse blog caótico um pouco mais literário, e mostrar
alguns resultados do meu Inktober parece apropriado.
Algumas informações sobre como vou
fazer isso: primeira, não pretendo postar todos os dias, só
aqueles dos quais eu gostei mais ou que penso que seriam legais de
compartilhar. Mesmo porque me aproveitei para escrever trechos de vários dos
meus projetos maiores, e eles não fazem sentido sem o contexto maior, que não
pretendo postar.
Segunda, eu usei como base quatro
diferentes tabelas de prompts. No começo, pretendia usar só as palavras que
quisesse de cada uma, mas conforme os dias foram passando decidi usar sempre as
quatro. Uma delas é… peculiar, e tornou cada dia uma aventura.
Terceira, os textos vão estar editados. Porque eu posso e quero e gosto (e porque não vou conseguir resistir enquanto estiver digitando cada um).
Eu continuo trapaceando.
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